Blogagem Coletiva - "Lendas Urbanas"

Desde que haviam se mudado para aquela casa no fim da rua, a família Moura nunca mais havia conseguido dormir em paz.

Algo de muito estranho acontecia todas as noites, no começo acharam que poderiam ser ratos.. que estavam acostumados a ficar pela casa já que a mesma havia ficado vazia por muitos anos.. 

Depois de dedetizarem toda casa e notarem que ao invés de diminuir os barulhos aumentaram começaram a se preocupar.

Os barulhos eram como se alguém andasse desesperado pela casa.. a procura de alguma coisa, pela manhã sempre alguns objetos caídos ao chão, ou fora do lugar.

Naquela noite deitaram-se logo depois do jantar, e logo os barulhos começaram, dessa vez mais altos, era como se aquilo que estava ali, estivesse desesperado, de repente o trinco da porta começa a mexer, Joana agarrou Maurício e fechou os olhos, seu corpo estava trêmulo, suas mãos geladas, o medo era tanto que sentia como se o coração fosse sair pela boca.

Maurício sentiu medo, mas não poderia ficar ali parado esperando pelo pior.

Como um louco levantou-se da cama e foi em direção a porta..

"Chega!! O que querem? Não aguentamos mais tudo isso!!"

E como um louco começou a jogar tudo no chão.. vaso de plantas, objetos que estavam sobre a penteadeira.. parecia louco.. 

Abriu a porta, não viu ninguém, os barulhos cessaram, mas mesmo assim continuou destruindo tudo o que encontrava pela frente.

Joana não sabia o que fazer, tentou achar forças pra sair da cama e acalmar o esposo, com muito custo levantou-se e foi até ele que parecia uma criança assustada.

Ela o abraçou e os dois ficaram assim, abraçados por alguns minutos em meio tudo revirado.

Joana olhou a estante da sala, nunca tinha gostado muito dela, quando se mudaram ela já estava lá.. notou que ao derrubar todos os livros, Maurício deixou a mostra algo que mais parecia um cofre. 

Mostrou a Maurício, os dois se aproximaram, ele tentou abrir mas estava trancado, olharam por todos os lugares procurando alguma chave, algo que pudesse abrir o cofre, em vão.

Joana lembrou que dias antes havia achado uma chave jogada no jardim.

Correu até a cozinha e pegou dentro da gaveta do armário, uma chave velha, com as letras B e L gravada.

Voltou até a sala e abriu o cofre, dentro dele uma pequena caixa e um papel já amarelado com o tempo..

"Querida Lilian, você foi, é e será pra sempre o meu eterno amor!" 

Dentro da caixinha, um lindo anel de brilhantes, nele as letras "B e L" e a data "31/10/1920"

Maurício e Joana se entreolharam, ficaram calados por alguns minutos. Não tinham muito o que fazer aquela hora, voltaram para o quarto, trancaram a porta e ficaram abraçados até que o dia amanheceu.

Quando os primeiros raios de sol chegaram correram até a igreja pra falar com Padre Júlio, que parecia já esperá-los.

Contou que Bartolomeu e Lílian, chegaram na cidade quando a mesma ainda estava sendo construída, haviam construído aquela casa com todo amor e dedicação, disse que na cidade nunca se vira um amor tão lindo quando o deles. 

Estavam prestes a comemorar 25 anos de casados, Bartolomeu havia comprado um lindo anel para presentear a bela esposa e jurar mais uma vez seu amor eterno.

Chegou em casa com o belo presente e o colocou no cofre, esperaria até o dia 31 para presentear sua amada, faria isso no meio da festa.

Mas naquela noite sofrera um derrame e faleceu, sem poder entregar o presente a amada.

Lílian se viu sozinha, sem o grande amor da sua vida, aos poucos a tristeza tomou conta dela e também veio a falecer.

Maurício e Joana não precisaram ouvir mais nada, olharam no calendário e notaram que era dia 31/10, correram até em casa, pegaram o bilhete e o anel e foram até o cemitério da cidade, assim que avistaram os túmulos do casal sentiram um grande alívio, lá estavam um ao lado do outro em seu descanso eterno, Joana depositou o anel e o bilhete sobre o túmulo de Lílian e sussurrou baixinho..

"Aqui está querida, o presente do seu amado Bartolomeu"

Nesse instante Maurício e Joana foram tomados por uma alegria sem tamanho..

Saíram dali quietos e mãos dadas..

Ao chegarem em casa, Maurício olhou a esposa e disse:

"Um amor que nem a morte pode separar!"

Joana abraçou o esposo e sorriu:

"Que nosso amor seja eterno assim!"

Meses depois às vésperas de completarem 10 anos de casado, Maurício voltava pra casa, trazia flores e um lindo colar para Joana, enquanto ela em casa terminava de embrulhar o lindo par de abotoaduras que havia comprado para o amado.

Mas uma triste notícia chegou no lugar de Maurício, em uma curva, um caminhão na contramão, bateu de frente ao seu carro, e ele não resistiu e morreu ali mesmo no local.

Uma fatalidade que acabou separando tragicamente aquele casal..

Então, se por um acaso barulhos estranhos te incomodam a noite ou objetos aparecem no chão.. lembre-se de que essa casa aí pode ter sido do casal Maurício e Joana, e eles podem estar procurando pelo par de abotoaduras que ela deixou guardado em um lugar que só ela sabia e não contou a ninguém antes de falecer. 

Amanhã dia 30 de outubro fariam 25 anos de casados..

Essa foi minha participação na BC "Lendas Urbanas" do meu querido amigo Christian do Blog "Escritos Lisérgicos" em parceria com a 

Pandora do Blog "Uma Pandora e sua caixa"..

Tentei criar um texto com um tema que admiro muito..

"Amores impossíveis" que ultrapassam qualquer barreira.. 
(Quase queimei todos os neurônios tentando criar uma história rs)

E pra homenagear essa BC que está sendo mais um sucesso do meu amigo Christian, fiz um bolo em homenagem a minha história rsr

Gente, tem muita história legal, muitas lendas impressionantes..

Quem quiser conferir, dá uma espiadinha --- aqui ---

Bom demais da conta..